Sem alarde, 2010 marcou o 25 º ano do lançamento do Microsoft Excel. Embora largamente despercebido, este talvez tenha sido o software mais revolucionário lançado em todos os tempos! Num ano, quando grandes nomes do mundo digital afetaram profundamente o mundo, como Mark Zuckerberg ou Julian Assange, é apropriado acrescentarmos mais um: Klunder Douglas.
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Hoje em dia, com a vida tão interligada no mundo digital, é fácil tê-la entrelaçada pelas ramificações do Facebook ou do WikiLeaks. Mas em 1985, a maioria das pessoas ainda não conseguia sequer entender por que eles queriam um computador pessoal. E menos ainda contemplar como um software qualquer poderia alterar o curso dos acontecimentos da humanidade.
Bem, apesar do PowerPoint receber todas as gozações por ocupar o seu papel clichê no ambiente corporativo, pense nisso, o MS Excel é o programa que lançou milhares de startups e milhões de demissões justificadas, é massivamente usado no planejamento dos orçamentos familiares em todo o mundo e traçou o caminho para os irrecuperáveis e complexos títulos que quase derrubaram a economia mundial.
Para a melhor ou pior, é o software que deu a todos, os meios para brincar com os números perguntando: E se?
Para Doug Klunder, a missão há 25 anos atrás não era tão grandiosa. Como principal desenvolvedor do MS Excel: "Nós decidimos que era hora de fazer uma planilha nova e melhor", lembra Klunder, hoje com 50 anos, que ingressou na Microsoft vindo do MIT em 1981 (parte do processo de entrevista incluiu almoço com Bill Gates e Steve Ballmer comendo pizza).
A planilha eletrônica foi essencialmente inventada como software em 1979 pelo pioneiro Dan Bricklin, que começou a Software Arts e com Bob Frankston, criando o VisiCalc. A tecnologia deu um enorme passo em 1983, quando Mitch Kapor desenvolvedor da Lotus Corp lançou o Lotus 1-2-3, com gráficos integrados e planilhas no mesmo programa.
Logo os PCs da IBM, carregados com Microsoft MS-DOS e Lotus 1-2-3, foram empurrando para o lado os terminais burros dos mainframes dos escritórios corporativos.
A Microsoft já teve sua própria planilha, a Multiplan, mas ficou bem trás das vendas do Lotus 1-2-3. E assim Klunder e uma pequena equipe isolaram-se no Hotel Red Lion em Bellevue, Washington, para três dias de reuniões para planejar o que seria parecido com o MS Excel. O grupo incluía o amigo do Klunder, Jabe Blumenthal, que viria a ser o gestor do programa, juntamente com Charles Simoyni, executivo da Microsoft que acabaria por se tornar um bilionário que iria duas vezes ao espaço como turista.
Klunder e sua equipe veio com o "recálculo inteligente", uma abordagem em que o programa atualizaria apenas as células afetadas pela alteração de dados ao invés de afetar todas as fórmulas da planilha, Klunder ainda leva os créditos de como a ideia deste recurso foi implementada.
No início, toda equipe de desenvolvimento do MS Excel foi de três pessoas, em suas estimativas, Klunder acha que escreveu um terço do código original. Antes do programa estar concluído, esse grupo tinha crescido para quase uma dezena - ainda
distantes das centenas de desenvolvedores reunidas hoje em grandes projetos.
Mas a Microsoft era um lugar muito diferente, os milionários da Microsoft ainda não tinham sido cunhados. (Klunder diz que os registros não são claros, mas acredita que estava entre o empregado Nº. 45 e o Nº. 65).
No início do desenvolvimento do MS Excel, a Microsoft, que hoje ocupa um campus corporativo de dezenas de edifícios em Redmond, Washington, caberia em um prédio. O local era conhecido simplesmente como o edifício Northup na Via de Bellevue Northup, e todos os desenvolvedores tinham escritórios, alguns privados com janelas, alguns internos. Klunder lembra que voluntariamente desistiu do seu escritório com janela: "Eu estava literalmente vivendo no meu escritório, dormindo poucas horas por noite e produzindo código o tempo todo, escritórios com janelas ficavam muito frios à noite."
Por mais estranho que possa parecer agora, essa primeira versão do Microsoft Excel foi projetada para o Macintosh Apple. Originalmente era para ser um programa DOS, mas a indústria estava mudando para as interfaces gráficas, e o Mac tinha estreado em 1984, enquanto a Microsoft introduzia o primeiro Windows no final de 1985. Com o Excel já em atraso, a decisão foi tomada para se adequar ao Mac, uma mudança tumultuosa que levou Klunder a deixar temporariamente a Microsoft. "Isso causou um pouco de problemas quando saí no meio", lembra ele. "Ao invés de tentar escrever tudo novamente, apresentei o que era essencialmente uma palestra de três dias sobre o projeto Excel ... que foi filmada para referência". Mas para a felizmente do projeto ele voltou.
Infinitas versões "beta" e procedimentos de testes elaborados ainda estavam no futuro. A Microsoft havia anunciado o Excel em 1985, prometendo uma data de envio para 30 de setembro. Correndo para cumprir esse compromisso, Klunder e sua equipe trabalharam até tarde da noite em 29 de setembro e nas horas anteriores do 30 de setembro. "Nós estávamos fazendo nossos últimos testes de bugs, fizemos o nosso disco master e meu chefe foi até o duplicador de disco para copiá-lo para algumas lojas. Enquanto preparávamos os discos no meio da noite, alguém teve a brilhante ideia de mudar o carimbo da data para disfarçar o quão perto estavávamos do prazo."
Olhando para o Excel hoje, apesar das muitas mudanças e características elaboradas que foram adicionadas ao longo dos anos, Klunder ainda vê a estrutura fundamental na qual ele e seus colegas trabalharam. Por exemplo, diz ele: "Algumas das opções da função 'Colar Especial' ainda parecem obscuros. Nós a fizemos, porque parecia muito legal que pudéssemos fazê-la", diz ele.
Klunder ocupou outros papéis, incluindo o de principal desenvolvedor do Microsoft Money, o programa de finanças pessoais. Mas em 1992, ele estava pronto para seguir em frente. Muito interessado em como a tecnologia estava afetando a privacidade pessoal, começou a oferecer-se para a ACLU. "Depois de alguns anos as pessoas começaram a supor que eu era um advogado. Então decidi: Serei um advogado". Ele se formou em Direito pela Universidade de Washington e se manteve ativo na cena da privacidade desde então. "Pensei que era óbvio desde o início o perigo apresentado pela tecnologia e a computação em termos de perder a nossa privacidade. Sempre tive uma relação de amor e ódio com a tecnologia, e ainda a tenho", diz Klunder. No cômputo geral, porém, ele vê a revolução da computação pessoal como positiva para a privacidade.
Quanto ao Excel, Klunder ainda o considera uma ferramenta poderosa. Mas não guarda ilusões sobre como pode ser usado com abuso. "É a mesma coisa com o PowerPoint, o Excel permite que as coisas pareçam profissionais, e as pessoas assumem que há alguma substância por trás dele."
Reference:: businessinsider.com
Tags: Excel, microsoft, Mark Zuckerberg, Julian Assange, Klunder Douglas, Mitch Kapor, Lotus 1-2-3, Microsoft MS-DOS, Jabe Blumenthal, Charles Simoyni, Dan Bricklin, Bob Frankston,
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